terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Brilho eterno de uma mente sem lembranças


"O tempo pode até destruir as evidências do passado. Mas as memorias, essas permanecerão para sempre..."

Uma vez me você me disse que as lembranças são eternas. Eu acreditei. Eu cresci acreditando nisso. Eu nunca fui uma pessoa de muitas certezas, mas essa, essa era uma das minhas poucas convicções na vida. Eu sempre achei que, apesar do tempo, o seu rosto permaneceria para sempre intacto nas minhas lembranças. Cada linha do seu corpo. Cada curva do seu sorriso. Gravados eternamente em cada ínfimo átomo da minha mente. Mas minhas certezas se mostraram pouco confiáveis. E que o antes eu achava que era eterno, se mostrou nada além de efêmero e frágil.

É difícil não se recordar mais de algo que você jurou para sempre se lembrar. Você acha que se lembra, até um dia perceber que não se lembra mais. Pelo menos não da mesma maneira que você imaginava que as coisas eram. As fotografias estão aqui como provas do nosso fracasso. Ou melhor, do meu fracasso. Você olha para as fotos antigas e nem sequer se reconhece mais. E nenhum dos outros inúmeros rostos ali presentes lhe parecem mais familiar. Nossas lembranças se tornam traiçoeiras. Apaga-se rostos, alteram o passado, acrescentam inexistentes detalhes. A própria história se torna um mero rascunho.

O tempo pode até um dia conseguir apagar você de mim, mas as nossas fotos ainda estarão aqui. Serão para sempre eternas recordações de um passado onde talvez nada seja real.