sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Palhaço

Acendo um cigarro, respiro fundo 
Espero pelo próximo espetáculo

Me sinto sufocado.

Jogo o cigarro no canto, vejo que ele toca a lona
E logo, enfim, tudo começará

Bom, seja o que Deus quiser.

Olho no espelho, me vejo fantasiado
Assim como você tanto quer
Talvez, como você sempre quis ver.

Um belo sorriso desenhado em meu rosto
Olhos azuis pintados sobre minhas pálpebras
E aquele nariz vermelho, que lembra a única coisa na qual um dia fez me sentir eu


Ajeito a gravata, olho para a platéia

E vejo que você não está onde deveria estar, assistindo tudo
E eu, como se provocasse risos, ando lentamente em direção ao palco


Olho na multidão, e lá está você.
Mais uma vez choro, me humilho, grito seu nome
E mais uma vez você vira o rosto e ri
Dizendo algo no ouvido de um outro alguém que está ao seu lado agora

Você disse que assim seria, talvez eu não tenha ouvido
Ou ignorei, por talvez achar que esse fosse um momento importante

Como pude me enganar assim?


Todos apontam e dão gargalhadas a cada passo meu

E minhas lágrimas fazem manchar o que uma vez foi um rosto alegre

Me despeço do público e espero a cortina se fechar lentamente
E novamente as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Como foi que o mundo ficou tão cinza assim de repente? 

O fogo se alastra sobre as pilastras, todos correm
E eu fico só, mais uma vez
Sozinho, pela última vez, para ver o circo pegar fogo

No fim das contas, só eu me queimei
Porque a vida sempre foi uma piada sem graça
Assim como eu...