sábado, 4 de junho de 2016

500 dias sem ela

Comecei pela parte mais complicada. Acordar. Ver além da imagem que o meu rosto de ressaca refletia no espelho. Era só eu tentando me provar, mais uma vez, que o amor não existe e que tudo seria mais simples se eu adotasse a política do “Sexo sem compromisso”.

Bem, não estava funcionando.

A menina sem nome e sem roupa estava deitada no meu lado da cama, óbvio que o outro lado era sagrado para mim. Cocei a cabeça, lavei o rosto, fui até a cozinha e, para a minha surpresa, tinha esquecido de comprar o leite e sabe-se lá o que mais.

Parei por alguns segundos, e observei a mulher nua na minha cama, tentando entender em que mês eu estava. Lembrei! Agora tinha que colocar outras coisas no lugar, isso ia dar trabalho, com toda certeza deveria deixar o meu coração por ultimo.

Ei, você tem que ir, minha namorada vai chegar em uma hora, preciso organizar tudo por aqui.

Mas a verdade é que ela não ia chegar, nem em uma hora, nem em um mês, nem em um ano. Temos mania de determinar o tempo de volta de alguém, talvez quem sabe na esperança de que essa pessoa realmente volte, ás vezes isso serve para aliviar a dor da falta. Eu fazia isso com frequência.

Ela vai voltar, eu sei que vai, ela não pode me deixar aqui sozinho. Ela sabe que tenho medo de gatos, tenho medo do escuro, tenho medo de ficar só

Repetia isso em pensamento todos os dias, desde… sempre? Eu já nem me lembro mais. Vai ver um dia ela voltasse  —  Ok, aqui estou eu outra vez, brincando de deus novamente, tentando imaginar o futuro.

Você me entende não é mesmo? Sua companhia é agradável, mas…

Eu sei, sou mulher, eu entendo perfeitamente.

Tem dias em que você levanta da cama e tudo o que deseja é estar só. Imerso no vazio do seu próprio mundo particular. E no final da noite, depois de um dia exaustivo, você vai chegar em casa e se sentar nessa mesma cama, se perguntando o que fará mais tarde para tentar “sair do ar” por algumas horas, e depois se sentirá um inútil, quando ver que tudo que falta é alguém que você não sabe quem, e na verdade você sabe o nome dela, as manias dela, o telefone dela, mas, quando perceber isso, vai estar com a mulher errada na sua cama, e para não se sentir tão estúpido, irá acordá-la e dizer que talvez, o seu avô tenha falecido, ou qualquer outra coisa que a faça ir embora.

Eu estava com sono, e precisava de um bom banho, então apenas abri a porta para ela sair e tranquei outra vez. Nem dormi, nem tomei banho, apenas liguei o rádio e coloquei meu velho CD do Oasis pra tocar.

Backbeat, the word was on the street, that the fire in your heart is out.

Eu tinha mania de pegar os pequenos trechos das músicas, e encaixá-las nas minhas situações. Depois, pulei na parte do “You’re gonna be the one that saves me” — Puta merda! Oasis não estava funcionando. Nada mais funcionava.

Me sentia como um moleque perdido no meio da rua, procurando pela minha mãe. A gente só percebe o efeito que alguém tem sobre nós, quando perdemos esse alguém. E era por isso que odiava relacionamentos, você sabe como eles acabam, um dia você acha o seu mundo o paraíso, com borboletas no estômago, sorrisos bobos, no estilo “A fantástica fábrica de chocolate” e no outro, seu mundo é só uma pintura vazia com pontinhos brancos no meio de tudo preto. É realmente assustador.

Cheguei a dura conclusão que relacionamentos estragam as pessoas. Já tinha me acostumado com isso, eu deixava a saudade em casa, e saia por alguns dias, mesmo assim sentia falta de algo, e percebi que querendo ou não, um dia teria que voltar para casa.

A fim de passar o tempo, me diverti com a minha coleção de fotos antigas. Haviam fotos do meu irmão, fotos minhas com roupa de super-herói, fotos da minha mãe fazendo careta, fotos do meu pai e da minha mãe se beijando, fotos das minhas tias chatas. Minha coleção continha 5 CD’s, olhei todos. Menos um. “Nunca, em hipótese alguma, jamais, veja essa fotos” Fiz questão de destacar isso na capa. Eu não tinha um coração partido, admito que estive apaixonado, e é um pouco doloroso na verdade, é como brincar de cabra-cega, você sabe que alguém vai te tocar um dia, mesmo estando com os olhos vendados, então você vai em qualquer direção, na busca de alguém, mesmo não enxergando. Nem fotos, nem música, coloquei um filme.

Sabia que mais de 35 pessoas tentam pular da ponte de Brooklyn a cada ano? A maioria por causa de coração partido.

Apliquei outra vez algumas frases a minha situação, mas, eu não estava com o coração partido, não havia pontes por aqui, e eu estava com preguiça demais para me matar, então, deitei no meu sofá sujo, e continuei assistindo aquele filme de romance tosco, torci para conseguir dormir.

Queria poder dormir por uns dois meses, e depois de uns dois ou três porres e uma bela foda, dormir por mais um tempo indefinido, sem me importar que existe um mundo lá fora me aguardando. Mas a verdade é que eu já havia perdido as contas de quantos dias haviam se passado sem eu conseguir ter uma noite digna de sono.

Eu não sei o que eu tinha com ela, só sei que era bom, e pelo menos eu conseguia dormir, eu realmente queria que ela voltasse. Não estava doendo, só estava incompleto, e aposto que você deve entender como é se sentir assim, faltava, sei lá, alguma coisa.

Percebi que o destino armou direitinho para nós, olha só o que ele fez, tu entrou na minha vida, fez a festa, conquistou minha confiança, meu coração, e depois você simplesmente foi embora, levando tudo que tinha conquistado.

Desde que você se foi, prometi nunca mais olhar para trás, e não olhei, só dei uma espiadinha, de lado, pra ver se você vinha. Mas não veio. Então percebi que a gente foi só metade. Arrumamos o terreno, limpamos ele, mas, não plantamos as sementes, é por isso que dói, ficou só o terreno vazio. Marcas das raízes arrancadas.

Poderia falar sobre o que eu era antes de você, ou o que eu fui contigo, mas, não adiantaria, eu teria que pensar demais, e isso também me da preguiça, além de doer um pouco, então, falo só sobre quem sou agora. Gosto de cerveja, gosto de um rock maneiro, umas duas mulheres na minha cama, e ah, eu ainda gosto de você.

Talvez já fosse hora de me levantar e finalmente fazer algo útil  —  nada. Iria só tomar um banho rápido, e tentar escolher a mulher que iria me dar duas horas de prazer e esquecimento. Admito, eram as horas mais felizes do meu dia, e isso estava se repetindo já fazia algum tempo, se eu parasse para contar, hoje são 500 dias sem você, o que me lembra… 2x500, é… 1000 horas de prazer e esquecimento, eu estava conseguindo, lento, mas conseguia.

Também não vou contar sobre a minha incapacidade de fazer alguém feliz, eu te perdi, você se foi, e pronto, acabou, eu fiquei um caco, e você deve estar saindo com um outro alguém agora. Estou feliz por você, e espero que esteja feliz por mim também, eu sou um bom cara, só estou um pouco perdido ultimamente.

Eu sei que não existe nada que possamos fazer para trazer alguém de volta, o máximo que podemos fazer é guardá-las dentro de nós, e tentar não lembrar delas pelas outras horas que nos restam.

Eu gostava do teu cheiro, dos poucos palavrões que tu falava, das coisas maneiras que sua língua fazia, gostava mesmo, sinto falta delas, mas, puta merda, eu sinto falta de mim, eu também tinha um cheiro legal, e fazia coisas legais também, hoje sou só eu, tentando fingir que o amor não existe, tentando fingir que não estou com o coração partido. Odeio não conseguir admitir isso, odeio o cheiro da minha casa, ele exala a falta que você me faz. Odeio o barulho dos carros lá fora, odeio músicas, odeio fotos, odeio filmes, e principalmente odeio esse filme “500 dias com ela”.

Ela sabia que não ia dar certo, é por isso que ela se trancava em si, é por isso que ela teve medo de mostrar o mundo dela a ele, e o Tom, aquele bobão, ah, ele acreditava no amor e em recomeços. Odeio histórias assim, geralmente histórias de amor falam mais sobre o que não temos, do que sobre o que temos.

No meu caso, eu não tenho nada, então acho que darei uma bela história…


[…] você não estava errado, Tom. Você só estava errado sobre mim.

sábado, 30 de abril de 2016

Bem vindo ao meu delírio

A cada cama que durmo
A cada cigarro que acendo
A cada garrafa que esvazio
A cada devaneio que tenho

Eu sempre te espero.

Me perco todas as noites entre pernas e becos vazios
Na esperança de talvez poder te encontrar no corpo de um outro alguém
Mas você nunca está lá

Nunca é você
Nunca somos nós

São sempre outras histórias
Outros olhos
Outras pessoas...

Mas aonde está você agora
Além de aqui, nos meus pensamentos?




domingo, 6 de março de 2016

O sonho de um visconde

Houve um tempo em que sonhar era sinônimo de felicidade.
O jeito mais fácil de matar a saudade.

Hoje, significa enganar a realidade,
Fingir que é um mais um membro feliz da sociedade,
E se iludir com o que nunca vai ser ou ter de verdade.

Sonhar, hoje, é acreditar numa mentira criada pela minha vontade.
De ter, de ser, de me transformar em tudo aquilo que o mundo inteiro já está cansado de ver.
De poder crescer e viver sem me preocupar com porquês.

E me tornar apenas mais um entre milhares, de milhares e milhares...


A verdade é que a gente nunca espera que a vida nos jogue tão longe dos planos que um dia nós fizemos…


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Somos formados por minúsculos pedaços de solidão...

Este é o problema da maioria das pessoas, a procura desenfreada por alguém para amar. Isto é, será que é realmente necessária essa incansável busca por alguém? O medo de se estar sozinho é tão grande, que as pessoas acabam fazendo justamente aquilo que tanto culpam os outros, criando uma ilusão, alimentando algo que, no fundo, todos sabemos que não é real. Amor simplesmente acontece, é algo natural. Por isto vejo tantas pessoas reclamando de corações partidos, de ilusões, de homens ou mulheres que mentem sentimentos. É por isto que o amor deixou de ser um sentimento e passou a ser apenas mais uma coisa qualquer, desprovida de qualquer sentido ou significado.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Máscaras

Medos afogados em doses de vodka
Inseguranças presas numa carteira de couro
Dólares não fazem de você alguém melhor
E mesmo assim você sorri

As lágrimas que você não mostra
Se acumulam dentro de você
Chegará o dia em que essa represa romperá
E inundará sua vida

É melhor você se olhar no espelho
E se reconhecer o mais rápido possível
Ou essa máscara não sairá
E você morrerá sem rosto

Passará a eternidade
Bailando uma música que não existe
Num salão vazio
Enquanto todos já foram para casa...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Poeira das estrelas (sinta o sol dessa manhã)

E de repente, naquele dia olhei para o céu e pensei no quanto nossas vidas são frágeis. Sentado debaixo daquela árvore, percebi que, a qualquer momento, tudo poderia simplesmente deixar de existir. Talvez o sol um dia se apague ou a terra exploda. Talvez um cometa esteja nesse exato instante vindo em nossa direção ou um buraco negro surja repentinamente, pronto para devorar tudo o que encontrar pela frente, incluindo nós. Seja como for, tudo iria acabar em questão de segundos. Todas as nossas vidas, todos os nossos sonhos, as nossas famílias, aquelas nossas paixões de escola não correspondida, absolutamente tudo iria desaparecer sem qualquer tipo de sinal ou aviso prévio. E o universo nem sequer se importaria com os nossos planos que ainda não foram cumpridos, ou se estávamos tendo, ou não, um bom dia.
Não pude deixar de pensar nesse momento no quanto somos insignificantes. Crescemos, mas continuamos pequenos. Expandimos nossas mentes cada vez mais em busca de respostas para todas nossas perguntas, mas ainda sim seremos para sempre eternas crianças que nada sabem, brincando sozinhas e perdidas pela imensidão do universo e, no fim, não importa o que aconteça, voltaremos a ser apenas poeira das estrelas. Assim como sempre fomos. Assim, como sempre seremos...

Aproveite o dia enquanto ainda há tempo. 


Não quero que tudo acabe sem que eu veja o sorriso dela por uma última vez


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Náufrago

Nós sempre achamos que iremos ter um lugar para voltar. 
Que sempre existirá alguém no cais a nos esperar. 

Mas depois de anos perdido nesse mar, 
descobrimos que estamos sozinhos,  
E não há lugar ou pessoa nesse mundo para onde possamos retornar.

Somos apenas náufragos à procura de um lar.

Onde está o capitão para nos dizer o que fazer?
Estou á décadas navegando sem direção
E os pensamentos na minha mente já não fazem mais tanto sentindo.

"Salvem-se quem puder!"
Gritei para que o mundo inteiro pudesse me ouvir
Mas já estavam todos muito longe dali.

Há tempos esse barco afundou, 
E só agora eu fui perceber...



O que é a vida sem um sonho?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Sobre tudo o que eu queria te dizer...


[...] 
Queria falar de sonhos, mas falou de trabalho;
Queria falar de prazer, mas falou de dinheiro;
Queria falar de amor, mas falou de sexo;

Quem sabe amanhã me transformo naquilo que quero...


domingo, 10 de janeiro de 2016

Por breves segundos...


Encontraram-se no metrô. 
Olharam-se nos olhos. 
E nunca mais se viram.

Talvez a vida se resuma a isso, 
Em breves amores passageiros 
Enquanto apenas vemos o mundo passar entre o andar das estações...


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Tenho me apaixonado todos os dias, pela mesma pessoa


Essa é a verdade sobre bebês.



Pena que não existem sensações sintéticas...
Eu iria querer aquela de quando eu acordo, sentindo o calor de sua pele bem perto da minha, mil frascos do seu cheiro e um saquinho de abraços seus.
Ah, eu queria mesmo era uma casa, para criarmos um mundo só nosso, sem essas situações ruins que este, vem nos impondo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Entre cigarros e poemas

[...]
É questão de olhar pro tempo e sentir a dor de um último trago, de tocar o vento como algo sólido, de sorrir pro imaginário, de dispensar aplausos, de poder abraçar a vida e descobrir que em teu corpo habita toda a beleza do universo. É questão de ser e poder sentir que você é maior que o próprio infinito. De acordar dia após dia e sentir que, apesar de tudo, tua alma ainda permanece viva.