sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Palhaço

Acendo um cigarro, respiro fundo 
Espero pelo próximo espetáculo

Me sinto sufocado.

Jogo o cigarro no canto, vejo que ele toca a lona
E logo, enfim, tudo começará

Bom, seja o que Deus quiser.

Olho no espelho, me vejo fantasiado
Assim como você tanto quer
Talvez, como você sempre quis ver.

Um belo sorriso desenhado em meu rosto
Olhos azuis pintados sobre minhas pálpebras
E aquele nariz vermelho, que lembra a única coisa na qual um dia fez me sentir eu


Ajeito a gravata, olho para a platéia

E vejo que você não está onde deveria estar, assistindo tudo
E eu, como se provocasse risos, ando lentamente em direção ao palco


Olho na multidão, e lá está você.
Mais uma vez choro, me humilho, grito seu nome
E mais uma vez você vira o rosto e ri
Dizendo algo no ouvido de um outro alguém que está ao seu lado agora

Você disse que assim seria, talvez eu não tenha ouvido
Ou ignorei, por talvez achar que esse fosse um momento importante

Como pude me enganar assim?


Todos apontam e dão gargalhadas a cada passo meu

E minhas lágrimas fazem manchar o que uma vez foi um rosto alegre

Me despeço do público e espero a cortina se fechar lentamente
E novamente as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Como foi que o mundo ficou tão cinza assim de repente? 

O fogo se alastra sobre as pilastras, todos correm
E eu fico só, mais uma vez
Sozinho, pela última vez, para ver o circo pegar fogo

No fim das contas, só eu me queimei
Porque a vida sempre foi uma piada sem graça
Assim como eu...





sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Moinhos de vento

Coloque fogo nesse peito e acenda aquele velho cigarro companheiro
É chegada a hora de você vestir tuas botas de aço
E a tua armadura de gente grande
Invente as tuas certezas
Assanhe o cabelo
O óculos escuro de praxe
O torto sorriso amarelo
E vá para as ruas atormentadas
Grite ao eco teus sonetos bobos
Que o silêncio se encarregará de responder de volta
Esqueça o mau humor e o mau amor
E hoje, apenas ateie fogo neste peito companheiro
Neste corpo, neste oco, neste ócio;
Coloque fogo nesse peito.




“ Embora eu saiba que não exista magia no mundo que possa mover e forçar a vontade - como alguns simplesmente acreditam - é livre a nossa vontade, e não existe erva nem encanto que a force.
Dom Quixote

domingo, 10 de novembro de 2013

Hoje...

Hoje o silêncio toma conta da minha noite, acendo um cigarro e encho o meu copo com mais uma dose de vodka. Passo horas e horas sozinho, apenas admirando aquele vasto horizonte infinito de tudo aquilo que um dia eu vivi. Lembranças tão incrivelmente boas que felizmente não se perderam com o tempo, mas que infelizmente foram reduzidas a apenas isso, nada mais do que meras lembranças. Doces momentos da vida, momentos que passaram e por mais que eu deseje, eu sei que nunca mais irão voltar. Pessoas que foram embora, e algumas que estão por ir. Logo, o que sou também se tornará uma mera lembrança, junto com o que acontece neste exato momento, porém, receio não saber se tudo se transformará em boas lembranças.

As horas passam, começa a chover, e mais um cigarro é acendido. A solidão agora é minha companheira e o som da chuva apenas me traz mais e mais lembranças. Meu coração agora transborda de saudade, a procura de respostas para as perguntas que só o tempo irá responder, para as perguntas que só o tempo ainda poderá fazer. São porquês inexplicáveis, incontáveis falhas na memória, que não me permitem lembrar como foi que consegui chegar até aqui, na solidão.

Eu queria ao menos saber o que me tornou tão vazio, o que me fez viver de lembranças, apenas. Acho que essa é mais uma das muitas respostas que só virão com o tempo.


Esperar é tudo o que me resta a fazer...




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre idas e vindas

As pessoas se vão
Perdem-se na lembrança
Misturam-se com o tempo
Tornam-se passado.
Se vão caladas, perdidas, sozinhas
Acostume-se com isso.
As pessoas se vão
E um dia
Eu também irei.



"Não solta da minha mão..."

sábado, 12 de janeiro de 2013

Hoje o dia amanheceu cinza... (O céu é nada mais do que um reflexo de nossos próprios corações)

 Odeio ter de olhar para aquele céu azul, prefiro os dias cinzas, daqueles que aos poucos tomam conta de toda a cidade. Olho a chuva que cai pela janela, dias assim me fazem refletir, me fazem pensar em momentos que já deveriam ter sido esquecidos á muito tempo atrás. Faço então do café a minha única companhia, tomo uma ou duas doses de minhas amargas lembranças e, quando menos percebo, estou escrevendo sobre um passado que não sei nem ao menos se é real...



"Acho que estou me viciando em solidão..."